Segunda.

            Na ultima segunda recebi uma ligação que me tocou estranhamente, um choque de realidade e aquela sensação de descer numa montanha-russa, que embrulha o estômago, vocês sabem? “Quando você chegar não bata o ponto, seu aviso-prévio trabalhado acabou sexta-feira”, dizia a voz do outro lado da linha.
Há muito tempo atrás, essa mesma voz me ligava, em outra segunda dessas, mas o assunto era exatamente o oposto da ligação dessa segunda em questão. Ela me perguntava se eu tinha noções de débito e crédito e atividades contábeis e meu conhecimento em Excel, por exemplo. Exatos mil novecentos e onze dias passaram entre uma segunda e outra
Cinco anos.
Um tempo relativamente curto, mas, levando em consideração que eu tinha 19 anos na primeira e tratava-se do convite para meu primeiro emprego, o contexto muda completamente porque quando se tem essa idade as mudanças ocorrem muito rapidamente. Em menos um ano você já pode ser alguém completamente diferente, físico, mental e emocionalmente, e quando não se tem experiência profissional e consegue o primeiro emprego, todo dia é dia de aprender. Imaginem mil novecentos e onze dias? 

Preciso, então, agradecer por cada um desses dias. Foram muitas situações que me fizeram uma pessoa completamente diferente hoje, tão diferente, que já nem me lembro de quem eu era. Pergunte a quem me conhecia na época, certamente nem eles me reconhecem mais. Tantas coisas mudaram, algumas tão detalhadamente que só os que chegam mais próximo conseguem enxergar.
Porém, eu não consigo pensar em nada que tenha mudado tanto quanto minhas segundas. Depois da primeira ligação, a cada domingo, eu tinha a certeza da segura rotina, de que iria dormir e as 5:30h do dia seguinte estaria de pé para mais uma jornada semanal que começaria. Jornada daquelas tais mudanças diárias. Segunda seguida de segunda, uma após outra, crescendo. E do mesmo jeito que começou com uma ligação de segunda, numa segunda recebi esta ligação da mesma pessoa, pra me trazer à tona de que à partir do próximo domingo, pela primeira vez em mil novecentos e onze dias, não terei certeza de mais nada.
E isso é muito excitante.

mas nós nunca vamos sobreviver, a não ser que fiquemos um pouco loucos.

Mude.

Todo mundo diz que tempo é dinheiro, e qualquer pessoa que tenha um mínimo de noção de planejamento financeiro sabe que dinheiro parado é dinheiro perdido. Logo, tempo parado é tempo perdido.
Estar parado no tempo significa muitas coisas. Você pode estar em um mesmo ambiente por muitos anos e ainda assim evoluir no seu lugar em diversos aspectos, assim como pode fazer inúmeras coisas em pouquíssimo tempo e não ter aprendido nada com nenhuma delas.
Em minha vida, tento sempre estar atento à essa noção, de que toda e qualquer coisa que me acontece, acontece por algum motivo e que, a partir delas, eu preciso crescer. É dessa forma que se atravessa os mares mais nervosos e as calmarias mais entediantes sem perder o foco nos seus objetivos. Todos os minutos de cada experiência precisam ser aproveitados e transformados em aprendizagem para os passos a seguir.


Uma vez disseram “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”*. Há muitas interpretações para isso, e como cada um se acha no direito de ter a sua, lá vai a minha. É muito importante identificar a necessidade e saber a hora de mudar. Você não precisa mudar toda hora, estabilidade é sinal de maturidade, mas permanecer o mesmo por muito tempo é perder muito do que essa curta e rápida vida tem a oferecer.
Permaneça onde está enquanto isso te trouxer evolução. No momento em que seu terreno se tornar infértil, no momento em que sua preocupação maior não seja mais crescer, mas sim o medo do desconhecido, no momento em que o estável seja apenas uma questão de conforto, mude, mude drasticamente, porque, se você não fizer isso, a vida vai tomar as rédeas por ela mesma e você não vai ter escolha.
Seja você o fator decisório da mudança. Não deixe que o acaso comande sua vida. Seja o agente da ação, não apenas reacionário. Ser o mesmo durante anos, com as mesmas preocupações diárias, a mesma rotina desagregadora, as mesmas situações que não te trazem nada a mais é, para mim, burrice, uma perda de tempo sem tamanho, e tempo, meu caro, é dinheiro.

"você me pede para ficar, mas há um milhão de razões para ir..."


*Romanos 12.2

APÓS O SINAL.

O que é mais clichê do que alguém que vai para o exterior criar um blog sobre a experiência? Às vezes a necessidade nos obriga a sermos óbvios.
Escrever sempre foi um refúgio pra mim. Materializar opiniões, ideias e até mesmo sentimentos se tornou um escape em diversas situações em minha vida e dessa vez, mais do que nunca, expressar as incríveis experiências que me aguardam será de suma importância.
Quem gosta de escrever sabe que o objetivo principal nunca é ser lido, mas o prazer de escrever por si só já é o suficiente, porém também quero usar esse canal para me comunicar e deixar informada todas as pessoas que tanto amo e que estarão tão longe de mim durante esse tempo no exterior, uma forma prática de deixar uma ligação direta com minha casa, que são vocês.


 Então, caro amigo, se você tentar me contatar, vai saber que, infelizmente, não estou em casa, mas você pode deixar sua mensagem após sinal

"Andar se torna tão entediante quando você aprende a voar..."